terça-feira, 29 de janeiro de 2008

MILAGRE!...

A.V.C. UMA PATOLOGIA MORTAL

Poderá ser tomado por ousadia, alguém falar de ACDENTE VASCULAR CEREBRAL – AVC, não sendo neurologista.
Retorquir-se-á que as questões médicas, mesmo sendo do foro de especialistas, todos os humanos são potencias doentes com direito a relatar, na primeira pessoa, a sua particular experiência.
O meu caso, só comparável até certo ponto, com o que acometeu Ariel Charon, por ser o único em que encontrei contornos parecidos, tornado mediático, por o padecente por ter sido um dos políticos mais conhecidos, em virtude do velho conflito do Médio Oriente.
Continuo a não ligar muito a patologias, procuro apenas inteirar-me de porquês, para aprontar ajudas. De resto o vocábulo doenças não abala o meu espírito leigo. Muitas sugerem-me “fabricação” de mentes fracas.
Em 2006 foi criado o DIA DO AVC e a concomitante divulgação de, que a certíssima irmã morte, serve-se da circunstância, para ceifar diariamente três vidas. No entanto um facto consumado leva-me a prestar muita atenção a esta doença.
No dia vinte e seis de Junho de 2006, depois de ter trabalhado das seis às nove horas da manhã, estava para tomar o primeiro almoço e tratar das habituais ablações, quando comecei a sentir:
- Primeiro uma impressão no peito a seguir mau estar – acudiu-me de imediato a esposa com uma dose de água mineral. Parecia sentir-me melhor, depois!... Vim a conhecer o epilogo, passados dois meses um dos quais passado em coma profundo. Quando fui recuperando, para saber que durante um mês vegetei ligado a uma máquina em Santa Maria, período em que fui operado ao cerebelo. Depois a tentativa de ser retirado o aparelho a segurar a vida, que sempre amei, a dar mau resultado.
Passado um mês vieram os cuidados intensivos, as muitas visitas não me deixaram qualquer tipo de recordação.
Apenas no dia de despedida da estadia ali, lembro-me de ver filha e esposa, a quem já tinham entregue lista de locais apropriados para internados em estado terminal, os quais felizmente ousaram rejeitar. Vieram visitar-me a casa ainda, bastante familiares e amigos, que também não recordo.
Passado algum tempo, chegou a faculdade de recuperar algum conhecimento, o que já me permitia ir conhecendo familiares. Ao mesmo tempo queria saber toda a história recente, que protagonizei e pude ler um relatório médico respeitante: A terminar constatei que a levar a essência à letra, nunca poderia ser eu o leitor do documento, porque já estava ali implícita a voracidade que levaria mais uma vítima.
Como durante cerca de trinta anos lançava uma revista, mais parecia um catálogo de vendas de vendas, passaram só uns meses e com a ajuda da filha, ainda editei quatro números, com um editorial a que designei sempre de “Nota de Abertura”. Desde l994 escrevia mensalmente na “CRÓNICA FILATÉLICA” de Madrid, da AFINSA, só por tês meses o trabalho esteve interrompido. O último número chegou-me em Maio de 2005, com a habitual colaboração, já depois de ter estalado o chamado “Golpe dos Selos”.
O mais interessante e que faz me eleger o paradigma Ariel Charon é que, depois de tantas e requintadas análises a variados órgãos, na primeira visita a um médico particular, o Dr. Silva Marques, especializado em medicina Interna, que passou a assistir-me, este verificou que uma das carótidas não funcionava, para a fixar, receitou-me um TAC.
Com todos os pró e contras, fiquei detentor dum deficit, provocado pelo não funcionamento de uma direita.
Continuo a alimentar um grande amor à vida, tal como sempre vou fazendo o que gosto, só com a diferença de poder fazer o que ousei desejar, desde que passaram cinco anos de quase convalescença, o tempo que mediou a que os órgãos vitais, um a um, passaram a funcionar razoavelmente.
Só passados três anos uma amiga de família, cujo estatuto lhe conferia a faculdade de entrar a qualquer hora num serviço de saúde, transmitiu que um médico lhe afirmara: O doente X não tem qualquer hipótese de escapar a uma morte certa.
É evidente que muitos factores contribuíram para o sucesso, em primeiro lugar a minha esposa, que nunca se poupou a esforços para me proporcionar conforto, além da própria filha.
Devo lembrar a Drª. Rosa Pereirinha, que comandou o tratamento, não hesitando na operação.
Acrescento, quando nem sequer tinha equacionado o assunto, visto nunca ter tido “vagar” para estar menos optimista, eis que me descubro a sorrir.
Aconteceu já este ano de 2008. Recuperei o sorriso!...
Depois de sete anos sem a faculdade do sorriso e… recuperar, alguém conhece o valor desse bálsamo que trouxe mais sabor à vida?
MILAGRE!...

Daniel Costa

domingo, 27 de janeiro de 2008

daniel-milagre

A Graça Costa, Maria João Costa e a Inês Costa - a esposa, a filha e a neta, mulheres da minha vida.

daniel - milagre

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