segunda-feira, 6 de outubro de 2008

POEMA NAMBUANGONGO

NAMBUANGONGO

Ir a Nambuangongo era como ir à cidade
Nos idos de sessenta e dois e tenra idade
Pela UPA era considerado um reino
Que entretanto, pelo lendário Maçanita
Havia sido retomado, com astúcia e treino
Delimitado pelo rio Lifune,
Por guerrilheiros, pontes destruídas
Tentando cortar avanços, à tropa determinada
A Muxaluando passava uma picada
Entre Vista Alegre e o Lifune, a sua ponte
Ali estava, com a tentativa destruidora ficava
Em Vista Alegre de boas recordações
Tropa do Maçanita, teve ordens, avançava
Depois Nambuangongo retomava
Em Nambuangongo a gente ri depois
Enquanto nas cantinas, se bebericavam
Cucas, em grupos de talvez dez, mais dois
Novidades flutuavam, uma em que os turras
Atacaram, furavam tachos
Em Portugal
Digamos, que pela primeira vez
Um tal, com apodo de Totobola comandava
Ufano da avioneta vociferava
Amigos: mulheres bastantes tinha, até desprezei
Em corridas de automóveis participei
Aqui do alto, as minhas tropas comandarei
Um outro, Tenente-Coronel, fazia espectáculo
Como bobo de qualquer rei
Todas a manhãs fazia preparação física
O risível método consistia em rebolar no chão
Munido de pistola aos tirinhos
Entre acampamentos, onde havia protecção
Sempre bizarrias de superiores oficiais
Eram horas de liberdade rir e dizer
Olhem os exemplos, vejam os tais!
Em Nambuangondo rir inocentemente, não era demais

Daniel Costa

18 comentários:

Sombra de Anja disse...

Daniel...Daniel...
O bem que faz estas palavras conectadas em ti.
Beijo

Bandys disse...

Daniel,
bem faz vim te ler..
beijios
Um dia o amor virou-se para a amizade e disse:
- Para que existes tu se já existo eu?
A amizade respondeu:
- Para repor um sorriso onde tu deixaste uma lágrima.

beijos na alma

Anónimo disse...

adorei, e o nome do lugar é bem diferente.

bjosss...

o que me vier à real gana disse...

Excelente!... Vivido; sentido!

Laura disse...

E venha dai uma bela Cuca bem geladinha, e uns camarõezitos a apitar se não os houver há sempre os lagostins dos rios para esses lados, bora pra lá voltar ao tempo de antes e ser feliz mesmo assim... beijinhos de uma Luandense...

Laura disse...

Naubuangongo, mas que nomes davam às terras de lá..pena que tenhas lá ido aportar apenas por causa da guerra!... Pena sim, pois viveriamos todos melhor em paz e amor, ams teve de ser assim...Momentos bem dolorosos e de terror na smatas infestadas por quem pensavam eles, estavam a defender a sua terra!...e agora não a defendem porquê? Por estarem lá outras raças? é que continuam a viver na miséria, segundo em conta quem vemd e lá... um perfeito horror e eles o governo deixam e porquê? ah, os subornos, os euros os milhões lá fora...O povo vai ter de se erguer d enovo...para conseguir alcançar a paz, o trabalho e a justiça!...
Hoje tá de chuva e eu aluo decerto..beijinhos.

RENATA CORDEIRO disse...

Muito bom o seu poema, Daniel.
Amigo:
Dado que estou vivendo no limite do insuportável e não sei onde vai dar isso, para não deixar o meu Blog às mocas, estou fazendo pequenas postagens, em geral imagens de filmes e poemas relacionados que eu traduzo. Quero que vá ver, mas esta é a última vez que chamo. As pessoas tê de ir espontaneamente.
Um beijo,
Renata

Bandys disse...

Ah Daniel,

Voce sempre tão gentil com suas palavras...só não entendi o que é laroca, rsrs
Gosto de escrever sobre o amor e é clero porque acredito que é o maoir e mais importante sentimento.
Obrigado pelas visitas.

beijos

poetaeusou . . . disse...

*
Nambuangongo
a odisseia esquecida . . .
,
um abraço,
com odor a bijagós . . .
,
*

Maria Soledade disse...

Daniel,

Belo o teu poema onde debitas as tuas vivências no Ultramar. Pena que tenha sido num clima de guerra, mas os momentos estão todos lá, bons e maus.Pena que tenha sido uma guerra sem sentido(aliás como todas as guerras), onde muitos de voçês perderam a vida e outros regressaram abraçados a ódios...

Fizeste bem recordar Nambuangondo, e dar-nos a conhecer realidades que muitos de nós(falo por mim),desconhecíamos...

Beijinhos

Evasões disse...

Evasões necessárias.
beijinho

Mariana disse...

Um beijo gostoso, de boa tarde.

Mariazita disse...

Caro Daniel
Recordar é viver...
Houve momentos maus, mas outros muito bons, especialmente em amizade, camaradagem, solidariedade.
Também andei lá pelas Áfricas ( a reboque...) e entendo-te tão bem!
Perfeita, a tua descrição.
Beijinhos
Mariazita

Anónimo disse...

Daniel.

Vc nos mostra que até em tempos de tribulação é-se possível sorrir e extrair fluidos benéficos das situações.

Transporta-me a estes lugares, aos bons atempos da alma.

Eterna PAX.

Bjos...

Betho disse...

Nambuangongo...Lugar que marcou sua vida e poetizasse para nós, muito bom mesmo. Gostei e voltarei Daniel.

xistosa, josé torres disse...

Estive lá no fim de 69, em Zala/Nambuangondo, uma zona "porreira".
Fazia-se a "picada" para Zalala

Gostei do poema, recordei um pouco do que já esqueci.
Talvez com umas "cucas" ou "nocais", a memória se abra e em Nambuangondo rir inocentemente, não seja demais.

Anónimo disse...

Daniel, meu querido.

Mais uma vez vc sendo usado por Deus.

Não foi proposital, foi inconsciente.


Hosana!


Um beijo.

Ana

Tentativas Poemáticas disse...

Daniel
Obrigado por ter ido visitar o meu cantinho.
Passei e dormi 2 vezes em Nambuangongo. Estive no leste: Cangamba e Cangombe. No norte: Negage, Ambriz, Quiage, Toto, Santa Cruz, Sanza Pombo, Quicua. Era de recompletamento. Viajei 5500 km em Angola: avião (Nord-Atlas), camião (MVL) e combóio (Nova Lisboa-Luso). Foi bom porque recolhi muitas histórias e o tempo passou-se mais depressa. Mas não sou do seu tempo. Estive lá de 70/73. Os meus contos não são lidos, ou melhor, muito pouco.
O projecto de livro está numa Editora há um ano. Faço parte duma Associação de Ex-Combatentes e sei que não convém. A Susana B. fez um mestrado sobre o Strsse de guerra e, se ler o seu comentário no "Turra Mussolé" perceberá porquê. O amigo sabe como é. Este conto foi censurado num jornal da Associação.
Passarei mais vezes pelo seu blogue.
Um grande abraço.
António