segunda-feira, 27 de outubro de 2008

SELOS DE NATAL1974

VIA VENEZA
A ENTREVISTA COM O CRIADOR DA SÉRIA PORTUGUESA – NATAL DE 1974


Numa gentileza de Danilo Bogoni, chegou-me de Itália uma entrevista a Abílio de Mattos e Silva, Criador dos primeiros selos Natalícios Portugueses, distinguidos com o “VII PRÉMIO DE ENTRETENIMENTO INTERNACIONAL D’ARTE FILATÉLICA SAN GABRIELE” que, tem lugar anualmente em VENEZA e se destina a eleger o mais belo e artístico selo do religiosa do mundo.
A entrevista feita ao criador português é assinada por Gabriele Fabris, não tendo sido fornecido mais qualquer elemento, que indique onde foi originariamente publicada.
De posse da entrevista, contactei Abílio de Mattos e Silva, com quem troquei algumas impressões, colhendo alguns elementos, sobre a personalidade do artista, criador já de uma famosa série portuguesa.
Fiquei a saber que, numa primeira experiência, a série “ESTAÇÃO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS” (1970), o autor não encara em concursos, porque diz:
- Quando deito a mão a uma qualquer criação, porque me dedico inteiramente, sofro um grande desgaste intelectual e físico, o qual poderá ou não vir a ser compensado, pois como é óbvio, dos vários trabalhos concorrentes, só um obterá o prémio.
Abílio de Mattos e Silva afirma também, que não terá desenhado mais selos pelo simples facto, de não ser hábito os seus serviços, espera sempre que o convidem, como aconteceu, não só com a série do “NATAL 1974”, que por sinal foi realizada numa má altura da sua vida, no tocante a saúde, mas também com a da “ESTAÇÃO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS 1970”
Quando deixei o artista, um homem de 64 anos, mas que, nas suas criações, como a da série denominada “NATAL 1974”, ora premiada e os últimos quadros e ilustrações, da sua autoria, que tive o ensejo de apreciar, sobressai um talento inegavelmente jovem.
Mas, deixo Gabriele Fabris conduzir a conversa e comentar a obra, na sua entrevista que chegou em italiano e que se oferece, numa tradução livre, em português, enquanto chamo a atenção para o portuguesismo e modernidade dos selos.

LISBOA: Abílio Leal de Mattos e Silva, artista português, nascido no Sardoal a 1 de Abril de 1911, actualmente decorador do Ministério da Agricultura, desenhador de maquetes de cena, trajes de teatro, cinema, ballet e ópera, ilustrador e pintor.
São dele os três desenhos da primeira série natalícia de Portugal, emitidos em 1974.
Desenho a desenho de selos emitidos no Natal, estes são característico apontamento no que diz respeito á festa anual, visto que se fazem notar imediatamente. Há neles uma característica especial e um grande estilo. Eles têm o privilégio de apresentar a encenação de um Natal absolutamente nacional e ao mesmo tempo artisticamente válido, porque diverso e tipicamente português.

Eu quis, diz Abílio de Mattos e Silva, na sua segunda experiência filatélica – na minha série não um Natal internacional, mas sim um natal absolutamente português, Eis a razão porque os personagens que ilustram os selos são todos de costumes de hoje.
Assim consegui que a série tenha um traço popular.

Os desenhos apresentados em versão definitiva para a realização, são personagens populares, ou melhor, são pescadores da que recitam (seja-me permitido o termo) a parte dos personagens. Pescadores de uma praia portuguesa muito típica e que o artista दिज़ amar imenso. Esta praia, por uma feliz coincidência, chama-se NAZARÉ, que faz lembrar em sintonia a devoção a Nazareth do Natal de Cristo.

E assim foi-me fácil – é sempre Mattos e Silva a falar – executar estes desenhos, porque conheço muito bem a região, as suas tradições e porque ilustrei há alguns anos um livro dedicado aos trjes da Nazaré, que dento de muito tempo, devido à civilização terão desaparecido.
Os desenhos originais tinham os formatos de 20 X 20 cm, que depois de aprovados pelos técnicos dos correios, foram em selos, pelo processo de impressão offset.
Depois da aceitação dos desenhos Mattos e Silva não seguiu as várias fases de impressão, porque diz – os correios têm bons técnicos e extraordinariamente bem dirigidos por um artista plástico muito qualificado, que os mandou executar na litografia Maia.
Imprimiram nove milhões para o primeiro selo e um milhão para os restantes, compreendendo três taxas, coincidindo como fecho da fase final da celebração do Ano Santo, cujo tema condutor era “a paz fruto da reconciliação”, que não é outra coisa, que uma variante do Hino de Natal “Glória a Deus no Alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Sobre o primeiro valor de 1$50, um insólito Arcanjo S. Gabriel vestindo um branco capote com capucho monacal, anuncia à Virgem – uma doce trabalhadora do campo – a próxima maternidade. Maria toda impregnada das palavras que estão escritas sobre o mastro do estandarte do mastro que Gabriel tem nas mãos: - “Avé Maria Cheia de Graça” – está vestida com uma modesta saia escocesa, uma camisete e tendo a fazer de chapéu, um lenço atado na nuca. Uma pomba branca estilizada, símbolo do espírito, esvoaça suavemente sobre a Virgem da Nazaré.
No segundo valor, de 4$50, Maria apresenta o Menino aos pastores e aos pescadores que curiosos o observam. Uma saia plissada cinge o corpo da Virgem que se cobre com um manto escuro.
À esquerda do grupo e postados em terra, vasos de unguento, juntos a peixes e mais apetrechos usados pelos pescadores da Nazaré, que se vestem com trajes de trabalho dos nossos dias.
O de 10$00, que fecha a série no fundo das palmeiras, José que conduz pela mão o burrico, sobre o qual Maria está sentada protegendo com o mesmo o menino.
O modo como a Virgem vai sentada – volteando as costas para burro – é curioso, estranho e ao mesmo tempo sugestivo.
Em suma, uma série bem realizada, graças sobretudo à notável capacidade artística de Abílio Leal de Mattos e Silva, que nos premeia, como à posteridade – com o conferir de feliz simbolismo e um carácter tipicamente português de grande religiosidade e sentimento. E o tema universal, o pintor conseguiu transportá-lo e ao mesmo tempo quase ambientá-lo na própria terra.
Largamente merecida a atribuição do “San Gabriele”, a esta série considerada por conseguinte a melhor religiosa emitida em no mundo emitida em 1974, até porque a mesma sintetiza completamente a finalidade do prémio evocando o Arcanjo S. Gabriel. Que dizer a mensagem religiosa, transferida e visualizada através de desenhos artisticamente válidos e seguidos pela realização filatélica, tendo também a devida consideração pela finalidade própria dos valores postais.

Entrevista de Gabriele Fabris

NOTA; A primeira introdução foi feita especialmente para a revista FRANQUIA número 10, de Outubro de 1975. A entrevista foi retrovertida do italiano.
Tanto a apresentação, como a retroversão teve a autoria de Daniel Costa.

24 comentários:

poetaeusou . . . disse...

*
lá tenho que ir dar uma
volta ás estampilhas,
acreditas que tenho selos,
para classificar há 30 anos ?
,
abraço
,
*

Laura disse...

Eu também tenho selos guardados desde os meus tempos de Luanda, áfrica do sul e de tantas partes do mundo...
Ah, quando ouvir vou aprender italinao porque sim, acho que deve soar bem se escrito é tão poético...

Selos de natal que giro e assim as coisas se forma modernizando e variando... Beijinhos.

Regiane K. Freitas disse...

Olá amigo
Desculpe por não vir muito aqui no seu cantinho para lhe visitar, mas eu estou com algusn problemas pessoais q esta meio complicado de resolver; Logo contarei tudo no meu blog...
Um forte abraço... até mais... se Deus quiser...

Crispin disse...

Quero que conheças o meu Blog. Não te vais arrepender:
http://pssolitaria.blogspot.com

Iana disse...

Amigo...

Selos, ah.. que peninha não tenho nenhum.. :(

Amigo agradeço a calorosa visita
como sempre tão querido e carinhoso comigo....
Essa sua amiga esta sempre lutando
chorando, mas um sorriso no rosto e uma alegria tamanha de viver, faz com que a esperança continue a florescer dentro do peito... Obrigada por mesmo virtual termos um laço tão amigo, e uma admiração tremenda...

Beijos no coração do amigo
uma boa semana
Sua rosa amiga
Iana!!!

mariam [Maria Martins] disse...

Daniel,
está fantástica a descrição dos selos, por si traduzida, consegui visualizá-los! e que bonitos devem ser...
e consigo ver também como o Daniel tem paixão e fala com carinho da filatelia...infelizmente, não colecciono...

boa semana
um sorriso :)

mariam

xistosa, josé torres disse...

Estou de volta.

E logo para saber de selos.
para mim deveriam ser sê-los.
É que tenho tudo amontoado em gavetas e à balda.
Não sei se terei esses selos.
Tinha um tio nos correios.
Não tinham filhos e enviava-me a colecção e o envelope do 1º dia.
Em 1974, já estava casado e não sei se ele mos continuou a enviar, desde 1956 ...

É por este vício da Internet que se aprende algo ...
Uma boa semana e
Cumprimentos.

Sombra de Anja disse...

Aahh selos...
Tenho algures na poeira que assola minha casa.
Todos da época do meu bisavô.
Confesso que raras vezes os vejo.

Aahh este cantinho que me dá alegrias ocultas.
Beijo selado

Anónimo disse...

Querido amigo Daniel.

A sua paixão por selos e o seu conhecimento profundo do assunto fazem com que o meu interesse artístico por estas peças cresçam, juntamente à admiração que tenho por vc, jornalista, colega de profissão. Vc, como profissional especializado, só tem a oferecer-nos uma gama profunda de conhecimentos, e a instigar-nos a vontade de conhecer táctil e visualmente estas obras de arte que bem pormenoriza.

Belíssimo.


Um beijo grande.

Ana

Laura disse...

à balda xistosa? pois se casate em 74 e até lá era selos todos os anos, ams que coleção, levanta-te homem e junta tudo e faz um lote!...Beijinhos aos dois ninos amigos..laura.

Ana Maria disse...

Já colecionei selos.
Já passei alguns para amigos.
Hoje tenho alguns.
Obrigada pela visita e pelo elogio.
Bjs!

Vanuza Pantaleão disse...

Bom dia, querido Amigo!
Que aula, hein, Mestre? Vou te contar um segredo: eu colecionava meus selinhos internacionais na adolescência, selos, por vezes, estonteantes. Sim, a Filatelia é uma Arte muito delicada e que exige dedicação.
Daniel, tempos modernos, o jantarzinho ao redor da mesa já passou e era tão bom! Hoje, nos contentamos com a misturinha e até vendo TV. Obrigada pelo prestígio ao nosso espaço. Um abração da amiga!Bjs

Pelos caminhos da vida. disse...

Passei por aqui.

Bom dia.

beijooo

Crispin disse...

Volte hoje, vai ser bom...
Beijos de língua,
Lucienne

xistosa, josé torres disse...

Parece-me que é tarde.

Vinha pró café.
Fica para uma próxima.
INTÉ!!!

Parisiense disse...

Selos!!!!! Ao tempo que eu não os vejo como eles merecem.......
Mas em breve vou voltar á m/cidade de adopcção (Paris) e claro que irei ver muitos até porque irei almoçar com a senhora com quem trabalhei e que acabou de fazer uma venda por catalogo....

Admiro a paixão e o carinho com que os coleccionadores falam dos seus bocadinhos de papel.....

Interessante esta historia dos selos de natal de 1974!!!!! Não conhecia.

Beijokitas

Carla disse...

é sempre um prazer ler-te até porque aprendo imenso
beijos

o que me vier à real gana disse...

Olá,boa tarde!

Tb gosto muito de selos. Já coleccionei... deixei, entretanto.

O k aqui é feito - divulgação da obra de um grande artista - é verdadeiro Serviço Público. Parabéns!

Iana disse...

Caro

amigo
venho desejar-te uma noite plena
de luz e paz...

beijinhos doces da amiga rosa
Iana!!!

o¤° SORRISO °¤o disse...

Oi Daniel.

Selos? Bem... não faço coleção.
Mas acho muito interessante as histórias por trás dos selos, o que faz com que uns selos sejam mais especiais que outros. Enfim, é bem interessante e que necessita muita dedicação.
Super legal!

Ótima semana.

Beijos mil! :-)

Crispin disse...

Daniel:
Tem postagem nova!
Beijos,
Lucienne

Unknown disse...

Olá Daniel,
selos não tenho, mas acho uma colecção bonita.
Lembro-me que meu pai tinha gosto por selos e coleccionava, e penso que estarão com um dos meus irmãos.

Os selos de Natal devem ser especialmente bonitos, visto ser alusivos a uma quadra de amor e paz que deveria durar eternamente no coração de toda a gente, mas enfim...

Beijinhos

Laura disse...

Já andei perguntar o nome da árvore que matava a sede aos caminhantes perdidos em Angola, mas ainda hei-de saber, pois o meu pai perdeu-se na mata dos colegas, ele e mais dois, encontraram-se pelos assobios, era formigas nos ouvidos, era sede e beberam dessa seiva amiga...Beijinhos.

Dedalus disse...

Pequena correcção: a entrevista foi publicada na revista Franquia, não no nº 10 como indicado mas sim no nº 11, de Novembro de 1975. Pena que não se tenha conseguido identificar a publicação italiana original.