O CRESCIMENTO DE UMA EMPRESA
O João Moisés estava de facto a viver e a colaborar com entusiasmo no crescimento de uma empresa editora de uma grandeza insuspeita, efectivamente.
De primeiro a entrar, destinado a serviços externos de tutela, a controlar agentes de vendas em tempos livres, ia assistindo à entrada de outros colegas directos de trabalho. Entretanto o primeiro consistiu na divisão da cidade de Lisboa em sectores. Cada um ia pertencer a um agente, de preferência a morar no mesmo, um trabalho muito interessante. Tudo ficava anotado na fixa respectiva: nome de rua especialmente, que era percorrida de carro e a pé, a procurar que tudo ficasse muito claro, para quem quer que necessitasse de a utilizar.
Isto acarretou um conhecimento profundo da cidade, o que era extremamente agradável, para quem tanto gostava da mesma. Ainda os sectores não estavam todos prontos, enquanto já eram seleccionados colaboradores externos de vendas, que por sua vez, começavam a fazer uma rápida formação, com acompanhamento até junto dos primeiros sócios. Enfim contactos e um trabalho aliciante.
Depois entrou novo inspector de tutela, mais outro, a seguir mais. O Circulo de Leitores crescia imenso e em toda a linha. Por força entrava muita gente e dos vários quadrantes, para todos os sectores.
Um dia entrou o Zé, para destinou-se a serviços de contabilização, tudo o que dizia respeito a entregas e vendas aos funcionários externos. Depressa elegeu o João Moisés como seu émulo, não havia explicação para o caso, pois era um bom e competente camarada.
O primeiro motivo interessante que matinalmente trazia sob observação era um pedaço de mulher, que se vinha exibir sem roupas, de janela aberta e sem cortinas, frente ao espelho a maquilhar-se. Um dia veio à sala do colega e amigo, que tinha elegido como rival, mostrou o “achado” dizendo:
- Onde e quando descobriste borrachos destes para observar: De facto o panorama descoberto pelo Zé, na janela fronteiriça era digno de se ver, um “voyeur” não encontraria maior deleite.
Chegara-se, dia para dia a um desenvolvimento cada vez mais rápido, recrutavam-se muitos agentes locais, que depois da formação, equacionariam melhor o tempo extra a despender, com a nova ocupação e concluiriam ser demasiado, ou que o trabalho não se adequaria às suas capacidades e apresentavam escusa. Além de que o crescimento estaria a ultrapassar previsões, por muito optimistas que fossem.
Havia sócios, que tendo dito sim na promoção, depois não confirmavam, com o envio de carta para a empresa, havia os provenientes da promoção amizade, desgarrados dos sítios já preenchidos a com o seu agente, porque aí ainda não tinham chegado os ventos da nova e eficaz promoção.
A esses era necessário ser um delegado a passar e dar assistência.
Um dia, os noticiários, tratavam do inédito, de facto, um assalto a um banco em Campolide. Não contando o “assalto” ao banco na Figueira da Foz, por Palma Inácio, que mais tarde foi dado como político, era o primeiro feito a uma agência bancária no país.
Vendo os contornos, só podia ter sido levado a efeito por alguém sem a “preparação” adequada, que apenas utilizou o efeito surpresa e João Moisés logo disse: fizeram tão ingenuamente o trabalhinho, que a judiciária depressa resolverá a questão, eu próprio em poucos dias descobriria toda a trama. O amigo Zé, sempre do outro lado, nem pensou e saltou, lá estás tu, resolvias logo e pronto!...
O facto é que passados poucos dias se sabia que a “obra”, seria (?) uma experiência de dois estudantes, que já tinham sido identificados, apanhados e presos.
O interessante da questão é que os dois rapazes, estando hospedados na mesma casa, duma rua do chamado Bairro do Actores, por os arruamentos terem todos a sua toponímica dedicada a essas relevantes figuras, sem o saber ao certo, o João Moisés, em serviço da empresa, tocou a campainha da porta.
A locatária, saturada de atender jornalistas, que ali se apresentavam, ou por telefone, escusava-se a contactos, mas falou de dentro, ouvindo do que se tratava, ficou muito curioso e interessado em saber mais. Conseguiu refinar a sua maneira de fazer relações públicas até que a senhora acabou por abrir a porta e desabafar.
Era outra no fim, tinha dito o que se lhe acumulara na alma, o medo deu lugar a uma pessoa de índole extremamente interessante e interessada e João Moisés cheio de contentamento, pelo que achava ter feito um bom trabalho, pois levara a confirmação assinada, tinha acabado de nascer uma sócia!
Do rápido florescimento resultou, as instalações da Pascoal de Melo em breve terem-se tornado exíguas. O armazém de livros nascera em Benfica e para o mesmo edifício transitou toda a empresa, outra amplitude, mais espaço e melhores condições de laboração!
Daniel Costa - in JORNAL DA AMADORA - 28/02/2008.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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15 comentários:
Olha moço, isso faria cá um jeitão agora, teres uma Editora tua e ajudavas-me a promover e fazer e explicavas o melhor para o sucesso de vendas dos meus livritos!...era isso...Beijinhos.
Bom dia!
Hoje tenho um selinho especial para vc, passe lá pegar.
beijooo
*
e narrativa
continua,
no capitulo dos assaltos,
a seguir foi á carrinha
do banco de portugal . . .
,
um abraço,
,*
Daniel mais um post magnifico, que apetece sentar e ver o filme! A tua descricao e fantastica e nos leva a viajar pelo tempo!
Obrigado por partilhar a tua historia;)
Beijo doce
Gostei do seu post, Daniel, pena que estou longe.
Estou à sua espera. Não postei nada hoje, mas ainda há muita coisa não explorada.
Um beijo,
Lucienne
que bela narrativa que aqui nos deixas
beijos
Brigada pela visita!
=D
Obrigado pela visita!
Bom dia.
beijooo.
*****
Olá Daniel,
obrigada pela visita ao meu mais novo blog. Você é muito gentil!
Lá irei colocar o que já tenho pronto e farei, certamente, outras fotomontagens, pois tem sido uma boa distração...
Mais uma narrativa que nos prende ao blog! Me encanta a maneira como escreve, nos levando a visualizar cada passagem...
Aos poucos irei "conhecer" um pouco Portugal!
Bom final de tarde, ótima noite!
Beijos
PS: Estou desde cedinho tentando deixar o comentário. Inclusive postei sobre essa dificuldade hoje no Sintonias do Coração
*****
Oi, Daniel!
Lembrei-me de ti ontem quando li num jornal literário um dos Poemas que Machado de Assis fez à época em homenagem a Camões. Se permitires, o trarei aqui, amanhã, pois hoje o tempo me atiça.
Pois bem, o que posso depreender é que o nosso herói, João Moisés, é um cara dinâmico, tipo pau-pra-toda-obra...e assim, vamos conhecendo Portugal através da "tua pena", do teu olhar.
As favelas não existem porque os seus habitantes "gostem" de ser favelados, elas são o resultado da ausência de vontade política dos poderosos, infelizmente. Como eu gostaria de só falar das belezas magníficas do Brasil e do mundo, mas esse lado obscuro existe e não podemos fazer-lhe vista grossa.
Obrigada por sua opinião sempre bem antenada e me aguarde. Até amanhã, se Deus quiser!Bjs
Estou à sua espera.
Lucienne
Lindo amigo Daniel! As suas narrativas são impressionantes, porque nos dá uma visão da pessoa e do cenário. Assim, aos poucos vamos conhecendo mais um pouquinho dessa terra querida.
Beijos
Ah, um beijinho e um abraço apenas, andei pla rua em passeatas sem fim e assim não vim cá dar-te os bons dias..Um xi, de mim..
Amigo Daniel, e assim vou me informando em detalhes! Obrigada
Beijos
Daniel,
continuação da epopeia do engenhoso, dinâmico e empreendedor João Moisés... este e os outros episódios podiam muito bem ser adaptados para cinema... dariam boas cenas decerto!
um abraço
mariam
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