BAIRRO DE SANTA CRUZ
Da Pascoal de Melo, as instalações do que em pouco se transformara em grandiosa empresa, esta mudou para um novo prédio na Rua Tomás de Figueiredo, em Benfica, junto do Bairro de Santa Cruz, como se fizesse parte do mesmo.
As instalações consistiam na parte baixa do grande prédio, a parte que se destinariam, a partir da construção, talvez licenciadas para ser oficina de automóveis e talvez garagem para recolhas afins, mas o que não pode ser transformado em Portugal? Tratando-se de uma grande empresa, como já o era o Circulo!...
Até às novas instalações, seria difícil verificar o quanto a empresa estava em crescimento, espalhava-se por mais do um dos andares e não se podia ter uma visão geral das proporções, que cresciam dia a dia.
Em Benfica havia só uma sala, um grandioso espaço, para funcionamento dos escritórios. A decoração ia revelando-se simples, moderna, criada a propósito e adequada à funcionalidade.
João Moisés, como conhecia o sítio, viera cair ali como num mundo encantado e quando não se ausentava por serviços externos, nas horas da refeição acabava por ser o cicerone de serviço, para indicar e recomendar restaurantes na zona.
Um assíduo companheiro era o Zé, que embora o tenha definitivamente adoptado como émulo, ao mesmo tempo era um amigo e um bom camarada e comparsa.
Com uma certa mania de intelectual e muito dado a leituras, de que fazia parte o esporádico uso de cachimbo, era mais um acto de intenção que estimularia o Zé.
Então este um dia apareceu também armado dessa interessante peça, que certos fumadores gostam de usar. Fumando a sua cachimbada, foi insinuando e exibindo o cachimbo, com três cortes de faca e atirou propositadamente:
- Sabes o porquê destas marcas?
- Atónito, o interlocutor ouviu o que não se fez esperar: cada vez que vou tendo o prazer de estar com uma miúda e fico com a certeza que vesti a camisola amarela, assinalo aqui e repara que o vou conseguindo e tu como é que sabes?
- Possivelmente, nunca terás conhecido tão inebriante prazer!...
Havia testemunhas e acabou tudo de taxa arreganhada, com esta novidade.
Convém esclarecer, que embora não muito distantes os tempos, ainda não tinha sido atingida a liberdade sexual e essa consumação na noite de núpcias era então o supremo acontecimento.
Um dia entrou ali uma nova empregada, jóia mesmo, embora não fosse, nem de longe aquela mulher matadora e insinuante, era um amor. O Zé logo se enlevou e fez a conquista, ambos sempre juntos para o almoço e como no fundo era amigo de João Moisés, este foi sempre companheiro e a garota seguia-o, por vontade própria ia revelando também amizade e companheirismo.
O ambiente, tornava-se extremamente agradável, enquanto pairava algo a intrigar o espírito de João Moisés, algo não muito bom, que o fazia reflectir, cismando o porquê, já que a qualidade de trabalho estava a dar nas vistas ao próprio administrador, o catalão José Maria Esteve, que já o tinha proclamado em reunião de chefias, confidenciado por alguém presente.
De facto o João já tinha transformado toda a Lisboa em sectores de trabalho, que tinha agradado ao ponto de já ter sido convidado a ir uns tempos para a cidade do Porto, proceder ao mesmo indispensável, para uma distribuição eficaz dos agentes de tutela.
Depois de ser avisado, que a hipótese Porto estava abortada, um alívio que retirava o sentimento de ser obrigado, por dever, a cumprir um desígnio de chefias.
Entretanto, foi convocado, durante dois dias a fazer testes, numa empresa exterior com vista a uma subida. No fim dos mesmos o examinador, perguntara:
- Estando um novo lugar à espera, tem a noção de qual?
O que sabia era confidencial, pelo que apenas respondeu, calcular e o examinador, em jeito de conversa amigável e animada:
- Muito bem, apresento os meus parabéns!...
Dias passados o chefe disse:
- Afinal o resultado foi, que se perderia um elemento eficaz, nos serviços comerciais!
Inacreditável!... Podia provar-se o inacreditável, por trabalho anterior e por outros testes de resultados extremamente positivos, o novo serviço seria adequado!
Foi aí que, interiormente João Moisés intuiu, ainda por outros pequenos indícios, que estava formada uma cabala, um loby, objectivamente, com destino a uma perseguição encapotada mas feroz.
Assunto a ser mais pensado, para tomar as previdências adequadas.
Daniel Costa – in JORNAL DA AMADORA – 2008
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
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14 comentários:
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Aportando-me agora, à 08:06 exatamente aqui em minha cidade, risos, pego logo meu lugar cativo nesse comboio que irá segui-lo nessa nova visita à Lisboa Café!
E, assim entre poemas e caminhadas pela sua cidade, me sinto quase íntima das conversas que encantam e seduzem os leitores.
Nessa particularmente, me fez "sentir" o inebriante cheiro do cachimbo de um colega de trabalho de anos, que até pensei estivesse aí... risos...
Pelo visto todos temos mesmo algo pitoresco para contar, se bem que duvido saber algo mais que o simples fato de vê-lo infestar o ambiente com aquele cheiro forte e, um olhar meio atravessado... risos...
Obrigada pelas calorosas vindas aos meus blogs... Num deles és Top número 1!
Beijos e comece bem a semana, com muita inspiração para seu próximo poema!
Helô
PS: Viu a chamada para a próxima blogagem coletiva do dia 08 de dezembro? Vamos celebrar a amada Florbela Espanca, sagitariana, como eu...
Vamos aderir também?
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Nada a desculpar, pelo contrário, venho a lhe agradecer mais ainda ter sua amizade!
Daniel, graças a Deus existem pessoas que pensam e reagem como você!
Histórias existem aos montes, como dizem por aqui... Algumas chorosas que dão pena, e por pouca coisa...
Na blogosfera tem de tudo e a cada um lhe é facultado escrever o que lhe apetece...
Então, só posso me manter fidelizada a este blog e ao autor dele, com alegria e, agradecer fazer parte dessa trajetória.
Que sua semana comece com muita felicidade em seu coração, meu amigo!
Beijos carinhosos,
Helô
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Querido amigo.
Regresso com prazer a ler o seu texto que novamente confere figuras excêntricas e despojadas, para não dizer extravagantes.
Como sempre lhe digo, transportas-me com tuas histórias a lugares e instâncias familiares do Atempo, como em flashes de deja vu.
Beijos, Daniel!
Lux!
Ana
Oi, Daniel.
Li esse texto e achei muito interessante.
Também quero te agradecer pelas palavras de ânimo deixadas lá no meu blog.
Compartilhar o que é bom, nos torna feliz.
Um beijo.
Infelizmente, amigo, ainda não conheço o teu Portugal. Mas, imagino que tenhas muitos atrativos.
*Abraços!
Oi Daniel.
Oba!!! João Moisés!! É sempre bom ler as aventuras de nosso amigo.
Que sua semana seja de muita inspiração.
Beijos mil! :-)
Doce amigo! Em seus contos, descubro e conheço uma Portugal, até então desconhecida. Historias de vidas, contadas com perfeição.
Boa semana! Beijos
Ótimo texto, Daniel.
Amigo:
Quero que vá ao meu Blog para apreciar o meu novo post. Isso não é um convite, é uma intimação. Preciso sentir os amigos perto de mim. Estou à sua espera.
Um abraço,
Renata
E pela trta levaste-me ao cachimbo, o meu tinha e já fumou numa altura ou outra em Angola, mas tinha um colega e grande amigo de quem eu gostava muito, e ele fumava, não; fumegava a toda a hora e adorava o cheirinho do tabaco dele...Mil beijinhos para ti da laura..
Daniel, meu querido, estou com saudades. Eu te espero.
Beijos,
Lucienne
Daniel...
caro amigo, em minha total teimosia, em não ficar de repouso kkk, venho visitar o amigo e trazer flores perfumadas para oferecer ao meu amigo querido!
O prazer de ler-te é imenso
viajar nesta sua leitura é fabuloso.
É encantador querido amigo!
hehehe.. hoje estive mesmo ao pé
pois é, fui a Benfica, (tb morei na Est. de Benfica) Mas hoje fui mesmo ao pé...
Mas ao chegar aqui fizeste-me viajar e voltar pra lá mais uma vez, hehehe...
Amigo, é bom ver você dividir e dedicar esse espaço para essas viagens fantásticas.
Um grande beijo amigo
abraços com carinho
sua rosa amiga
Iana!!!
Caro amigo
Obrigada pelo convite
terei o mairo prazer.. :)
Amigo morei perto do famoso e tradicional "Califa" :) tomei por lá alguns cafés e comi város docesss :)
Hoje estive perto da Igreja onde fui fazer ali perto análises...
Mas adoro a Est de benfica foi a minha 1ª casa em Lisboa... agora estou mais afastada destas bandas.
beijos com carinho e uma grande admiração
Iana!!!
Daniel,
mais um episódio da saga aventurosa de João Moisés, desta vez também reconheço alguns dos sítios... minha filhota mora p'ra essas bandas!
com que então... "cabala" ...
venha o próximo "take"
boa semana
um abraço
mariam
*
e a prosa continua . . .
contínua e impar,
,
abraço,
,
*
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