quinta-feira, 3 de abril de 2008

TEJO NORTE - VI

CORRUPÇÃO EM COMISSÕES

Afinal a Paula nessa manhã decidiu nem sair de casa, ia trabalhando e cismando muito no Gil. A certa altura soltou um ai… teria hipóteses?
Pelo menos, podia contar com amigo e isso faria tudo para conservar. Dava-se conta que aquela amizade iria frutificar, nela beberia importantes dados para o seu trabalho.
A Daniela nem sabia a sorte que lhe calhara, ser a dona privilegiada do coração do Gil, partilhar com ele um mundo de cumplicidades, em que não iria interferir, contentava-se, ser a número dois.
Absorta em pensamentos dourados, ia remexendo os seus papeis, tirando apontamentos, até que consultando o relógio chegara a tão desejada hora de almoço.
Dirigiu-se para o ansiado encontro, as pernas parece que tremiam, tal a emoção, algo de que não se lembrava ter acontecido.
Já era esperada, o Gil era mesmo cavalheiro, cumpria horários, talvez fosse hábito de educação, mas a Paula diria que também ele apreciava a beleza a conversação e a desenvoltura dela.
Entretanto servidos, foram degustando e sempre em animadas, mas conversas banais. Até que a Paula foi-as torcendo, primeiro para as diversas formas de amar, parece que estava a ser entendida e era isso que pretendia e mais não forçava, aquele flirt era diferente, tudo queria, porém nada havia de forçar.
Por agora preocupavam-na outros assuntos de interesse profissional, como os seus casos a investigar e tinha já como certas as dicas do parceiro, o resto viria a seu tempo, procurava não mostrar sofreguidão. Quem muito e depressa quer tudo perde!
Sem mais rodeios, abordou o caso da editora de que o Dr, Vilaça era administrador. Porém ambas as empresas faziam parte do ficheiro de clientes do Gil e este havia anos que acompanhava as movimentações do Elias, que se facto, de paquete chegara a homem de confiança da casa. Por ele passavam todas as encomendas de impressão e edição de livros.
Sabia, mas não trairia, nem mesmo estando em jogo o trabalho da Paula, tinha de confessar depressa se habituara a ser fiel amigo e admirador, e depois?
Disse comissões!... Se isso é corrupção que se investigue o Elias!...
Como viu que de momento mais, nada seria adiantado e percebera, ficou pensativa e calada!
Mais à tardinha, quando reunisse com o administrador e o ouvisse, saberia por onde começar.
Comissões? Aí está uma maneira docemente corrupta de fazer fortuna!...
Hum!...
Devia ser o caso!...
E a Zeca e o Helmer?
Aí o Elias, observava há muito que este era assim: Dinheiro na mão era como sebo em boca de cão, derretia-se depressa.
Como partia de observações pessoais aturadas, podia ir mais longe, mas devagar, a Paula ia ter muito para remexer, mas devia ir caso a caso.
Esta, cada vez mais abismada com o que ouvia pensou, mas que grande amigo que encontrei!
Este Elias, parece um investigador de alto coturno! Errou a profissão!...
Estava cada vez mais fascinada, quando este disse:
- Olha que a Zeca faz jogo duplo!
- Sim? A admiração subira ao rubro!
- A boa conversadora, a óptima companhia, a cerebral Zeca?
Devagar! Cada assunto a seu tempo!
Por agora sugiro o caso, do pedido de rescisão do contrato de trabalho de uma empresa gráfica, trazendo consigo um grande um grande cliente!
Ficou pensativa e mentalmente a imaginar o quanto beneficiava daquela amizade.
Inspirou fundo e intimamente, disse:
Céus!...
Antes de se despedir, de trocarem números de telemóveis e de Mails, combinou encontro para o café da tarde do dia seguinte.
Foi a vez do Elias pensar:
- Esta deve ser uma boa companhia, para umas passagens e conversas intimas em casa. De facto, estava ali uma boa estrela, numa interessante e agradável figura de mulher!
Por outro lado a Paula, cismava na maneira de o convidar o tomar um copo em sua casa!
Definitivamente, Apaixonara-se!
Seguiu de vez, passaria ao escritório, trocaria impressões com o empregado, veria se havia algo de novo e e depois encontro na editora!

Daniel Costa

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