quarta-feira, 23 de julho de 2008

LISBOA CAFÉ - 6

O MUNDO DAS FOTOGRAVURAS

Foi sem qualquer preparação técnica, que João Moisés realizara o sonho de se tornar empregado de escritório.
A certa altura deu consigo a controlar todo o expediente de entrada de originais, para a execução de zincogravuras e da saída das mesmas, depois de prontas as obras.
Uma ocupação interessantíssima, que o conduziria a conhecer todo o maravilhoso Mundo das Artes Gráficas, incluindo o dos próprios jornais, à altura a indústria dominante de todo o Bairro Alto.
Naquele meio estavam a passar-se lances interessantes, pelo menos para quem gostasse de ocorrências consideradas menos vulgares, dignas de serem seguidas com atenção, por ser ter dado ainda havia pouco o início de segunda metade do século XX, com um país real considerado de analfabetismo confrangedor, muito notado até no meio de oficinas onde se dava o florescimento da cultura.
Ao tempo era nas gravuras que podiam começar os livros, assim como iniciativas conducentes à criação de muitas outras obras de impressão, como as grandes campanhas publicitárias criadas em Agências próprias, que depois as faziam distribuir por jornais e revistas, para atribuírem ao produto a necessária visibilidade.
Isso fazia parte, regra geral, da grande azáfama desenvolvida, o interessante eram as peripécias ocasionadas no dia a dia.
Começo, pelo chefe de escritório, tudo leva a crer que sofreria de uma doença muito em voga, a esquizofrenia, por outro lado teria tendência a ser delator, sobretudo de chefes a superintender nas oficinas, portando técnicos com alguma classificação.
Algumas vezes mesmo sendo admoestado, por sócios gerentes, levou bastante tempo a insistir, até que aprendeu a lição, não era que fugisse à verdade, mas devia reparar que estava a pôr em casa a própria administração, a quem cabia zelar pela boa harmonia de toda a produção.
A personagem em questão, dava pelo nome de Moura Jorge e a sua malévola estrutura mental, quiçá o seu negativismo já tinha dado origem a alguns pedidos de demissão de alguém, a quem bastava o trabalho para lutar. Na primeira oportunidade apresentavam a renúncia, porque não estavam aturar maus fluidos.
Aconteceu que João Moisés pela sua docilidade, podia dizer mesmo jeito para as relações humanas, passou a ser tratado pelo chefe com grande deferência.
Muitas vezes desceram ambos o Chiado e havia dias em que Moura Jorge, passava o caminho apenas a maquinar o desdobramento dos números do totobola para jogar com acerto, sendo o fim em vista a riqueza que o levaria a poder abandonar aquele emprego considerado execrável, pelo facto de ter ficado excluído de dar palpites, que refutava de inerentes à sua condição na chefia do escritório.
No entanto, dava para aprender muito com ele, pela negativa claro! Magicava grandes evoluções, uma altura pensou em desenvolver o seu francês e nada melhor que oferecer morada a uma professora da língua, em troca de lições pessoais daquele idioma.
Para uma dessas sessões convidou o novo subordinado. A docente depressa opinou que aquele conhecia mais do idioma que o aluno efectivo.
As relações, como seria fácil de prever, não eram muito católicas, pela razão simples de várias ausências da mestra, que parecia mais meretriz do que professora de francês.
Em resultado, o acordo foi efémero.
O totobola continuou semanalmente, lá vinha o matraquear habitual, a tripla estava sempre certa, o pior eram os símbolos duplos, que falavam muito, pelo que a independência económica nunca mais chegou.
Um dia deu entrada ao serviço daquele escritório um novo funcionário, como veio através da velha “cunha”, nada mais do que da herdeira de um sócio maioritário da casa, o rapaz de nome Martinho exibia uma péssima caligrafia, além das poucas qualificações para o desempenho do trabalho.
Mesmo assim o chefe nunca o hostilizou, sabia que isso seria o tratamento do seu fim, no entanto a confiança e a amizade dedicada a João Moisés, leva-o a comentar: Não é ainda este que me virá substituir!...
Apesar disso, de seguida demonstrou o talento do poder de negativismo humano, nem conjecturou o facto de nos cemitérios dar entrada diariamente cadáveres de insubstituíveis!...
Programou férias, comentando várias vezes para o colega de confiança, ser a maneira de repararem no vazio que constituiria a sua falta.
O programa tinha, por força de ser mau: Houve a necessária inter ajuda, como é habitual nestes casos e a gerência nem terá notado a sua falta, que não fez mais forçar a inevitável queda.
Queda que já era previsível, tanto mais que o sistema neurológico o levava a consultar periodicamente um médico do foro.
Não obstante, iniciara correspondência com uma Inglesa, com o objectivo de desenvolver o idioma. A súbdita da Rainha Isabel, sendo viúva de idade relativamente mais avançada e como estava descomprometida, depressa programou férias para Lisboa.
Logicamente foi o correspondente na capital de Portugal que tratou do aluguer da casa na cidade, onde havia de passar a seroar, enganando a própria esposa de que já tinha um filhote.
Entrou pois num namoro, suposto só ser conhecido em pormenor por João Moisés, o único colega confidente e a ter o privilégio de visitar a casa durante as férias, nunca falou a ninguém sobre o assunto, porém deu-se o caso de querendo fazer o papel de bom cicerone, levava a mulher até ao Largo de Camões onde, na hora do almoço, passavam sentados e enlevados, como dois adolescentes.
Sendo perto do local de trabalho, era uma evidente exposição da sua surpreendente mancebia, uma vez que se postavam muito próximo da Travessa das Mercês.
Logicamente que para ali se viravam muitos olhares dos passantes, alguns trabalhadores da empresa vindos da principal refeição, com espanto podiam observar o quadro.
Lisboa sempre albergou casos muito interessantes, embora haja a pretensão de divulgar alguns, o facto é que, quem sabe é sempre tudo é toda a humanidade, como diria um habitual cliente daquela verdadeira fábrica de zincogravuras, para todo o tipo de impressão, o dorminhoco Rocha de Oliveira, detentor já de respeitosa idade.
Sendo um típico alfacinha, enquanto esperava pelo acabamento da encomenda, o que acontecia amiudadas vezes, deixava os seus conselhos.
Depois, sentado no banco habitual, batia uma soneca!...

Daniel Costa –in JORNAL DA AMADORA

33 comentários:

poetaeusou . . . disse...

*
bendito prosador,
,
bem hajas,
,
jornal da amadora,
reboleira, J.Pimenta . . .
regredi . . .
,
um abraço,
*

Mac Adame disse...

Bons momentos de prosa neste "Lisboa Café", à semelhança do que já acontecia em "Esquadrão 297 em Angola".

Marta Vinhais disse...

E era à volta da mesa dos cafés que tudo se passava....
Interessante como sempre...
Adorei...
Beijos e abraços
Marta

Maria Laura disse...

Narrativa muito interessante que nos transporta a tempos passados. No entanto, gente como o Moura Jorge existirá sempre.

Parisiense disse...

Estou a gostar de ler estas passagens, estas historias de vida.......

Infelizmente haverá sempre quem só pensará em si e no seu proprio prazer.....até um dia....em que ficará só.....

Beijokitas

Daniel disse...

Poetaeusou

Pois!... Pois!... J. Pimenta.
Para o caso de não saberes, o JORNAL fica perto.
O João viveu conta!...
Obrigado.
Daniel

Daniel disse...

Mac Adame

É a sequência, o "Lisboa Café", tal como foi o "Esquadrão", vai tentar ser mais arranjado para propôr edição em livro.
Obrigado
Daniel

Daniel disse...

Marta

Havia cafés adequados e menos capacidade económica. Actualmente, para resolver assuntos, combinam-se almoços.
Obrigado, com a retribuição de abraços e beijos.
Daniel

Daniel disse...

Maria Laura

Tempos passados de ontem!... Então eu estava cá, tinha a idade em que a maior parte vive em casa dos pais. Queres liceu? Ganhas e pagas!
O nome Moura Jorge é ficcionado, mas o caso existiu tal qual e claro, continuam a existir outros idênticos!
Daniel

Menina do Rio disse...

Daniel eu não entendi este têrmo "alfacinha". Tenho visto muito nos blogs lusos...

DEixo-te o meu beijo

Daniel disse...

Parisiense

Penso que o jeito esquizofrénico, acaba por não conduzir ao prazer de viver, apenas ao isolamento, como dizes.
Aconteceu isso mesmo, Segundo julgo saber.
Beijos

Daniel disse...

Menina do Rio

Em jeito de puro companheirismo sorri. Ficas já a saber o que é um Alfacinha: Aplica-se o nome aos naturais de Lisboa, não é prejurativo, para um lisboeta, de facto o nome correcto dos naturais. Usa-se bastante, normalmente, não se aplica a alguém como eu, que não nasci cá, mas por exemplo, os tios tratam, carinhosamente, a minha filha, como a sobrinha alfacinha.
Acabei por ser longo na explicação, não seria necessário tanto. Desculpa!
Beijo
Daniel

Laura disse...

Bem, eu adoraria que aind ahouvesse a casa do artista como antigamente, ou os cafés das artes..devia ser lindo pelo que se lê em livros ou s eouve comentar aos amigos mais velhos..Juro que tenho muita pena de não fazer parte do rol daqueles que se juntavam ali, a maioria na penuria mas dava para um cafezito...
são tão lindos os escritos que por vezes me vêm parar às mãos sobre essas tertulias, esses murmurares e falares do passado... O ambiente, as roupas, o frio da noite, o nevoeiro, e adoro o Casablanca, lembrei-me dele, que lindo e corro a por os auscultadores para ouvir o que o senhor do Piano, de cor, toca e canta...
Ah, se um dia tiver euros a mais, há-de dar para tudinho e ajudar os artistas a ter a sua casa aqui em Braga...ji com sabor a amoras, vamos lá recomeçar onde parou o nosso amigo adriano, podem saber a alface e tudo, o que for, é preciso imaginação e mais nada...virtual claro, ahhh já tou a ve ruma ou outra a dizer; olha prá atrevida, ams..que s elixe..., deixa que eu mando-te a letra em vez de te fazer ir ao mes de junho...


Quero dançar contigo a dança da vida!..


Quero dançar contigo a dança da vida
Mas teus passos não seguem o ritmo dos meus
Quero dançar contigo até ao fim
Mas vai ser difícil de te acompanhar...

Quero dançar contigo nos teus braços
Mas teus passos não me levam para onde quero ir
Perdem-se na indecisão da vida
E eu já tenho um destino a cumprir...

Quero dançar contigo a dança da amizade
Já que a do amor não a sabemos dançar
Para isso é preciso que ele exista
E nem sabemos onde o ir buscar...

Quero dançar contigo sempre
Mesmo depois de o amor acabar
Eu nunca te abandonarei
Viverei sempre a teu lado
Sem te amar!...

está no meu segundo livro, o Sons de Amor.ah que sorte se alguma diva d anossa canção a cantasse e tivesse fama, pois foi escrita com alma a sangrar...

Cristiana Fonseca disse...

Olá Daniel,
eu não tenho mais palavras pra falar de tua escrita, apenas me encanto com teus contos, poemas, poesias, tua escrita me envolve e me leva pra lugares incríveis, as vezes me remeto a caminhos conhecidos , outras por caminhos desconhecidos. Parabéns.
Beijos,
Cris

Sombra de Anja disse...

Daniel,
Gostaria de ver minha vida em fotogravuras,
Em pinturas,
Em grafiti,
Mas hoje...prefiro...simplesmente parar.

Beijo diabolicamente inocente.
P.S. gosto daqui

Carla disse...

interessante esta prosa que tão bem lembro vivências de sempre
beijos

Camila disse...

O que seria um "Alfacinha"???
Sou loira, neh... preciso de ajudinha!
Acho super interessante seus texto!
Adorooo
Beijo
=)

Laura disse...

Ser Alfacinha é ser oriundo de Lisboa..os Madeirenses chamavam-nos Continentais ehhhhh, os de Angola, os Putos do Puto por sermos pequeninos no tamanho...e nós chamavamos aos Sul Africanos os maburros!... havia de tudo... aprendam ninas...

mdsol disse...

olá Daniel:
Só para agradecer a visita. Voltarei com mais calma!
:))

Daniel disse...

Laura

Sonhar é fácil, e pode resultar. Em frente que atrás vem gente!...
Fizeste-me lembrar, o segundo patrão que tive em Lisboa. Para ele era proibitivo algém pôr em causa a qualidade do meu trabalho, por isso teve o privilégio de ser o patrão para quem mais tempo trabalhei. Retomamdo o fio à meada; Falava em várias figuras giras. Sacava muitas histórias do desenhista, que foi Stuart Carvalhais, que trabalhou em Paris. Era muito bom mas vagabundo, e trabalhava ao ritmo da necessidade de dinheiro, imaginava um desenho e logo ía ao Director de um jornal e este agarrava e publicava, imediatamente, o boneco. Que gandaaaaa artista!...
Tenho em casa, publicações com desenhos dele, gosta-se mesmo, pelo menos quem trabalhou e viveu muito, em editoras e gráficas. Um mundo à parte!
E evidente que me agradou o poema, faltou a dança - imaginei!
Ainda não desci a 19 de Junho, mas ler a poesia, não está no esquecimento.
Beijinhos
Daniel

Daniel disse...

Cris

Agradeço a tua lisongeira opinião, é que estou a ultimar os últimos capítulos do "Lisboa Café" com o fim de propôr edição em Livro.
Passarão mais caminhos comuns aos teus, talvez por isso, aprecie muito a tua arte.
Obrigado, mesmo!...
Beijos
Daniel

Laura disse...

daniel, esse poema é o que está no post de 19 d ejunho..como disse foi escrito com a alm a doer de tanta indiferença e...vou levando a vida prá frente como se diz...e o amanhã sabe-o Nosso Senhor, mas... Não basta ter um bom homem em casa, um homem que me ajudou a criar os meus filhos...mas..a vida para mim tem de ser vivida em pleno e sendo assim!...ah, cala-te boca!...mas se desceres ao post de junho 19 vês a imagem que escolhi e que giro está...so tens de clicar em junho 2007 e mais nada...

xistosa, josé torres disse...

Antigamente era assim.
Arranjava-se uma explicadora de História, ( para quê ????, para enfiar as coisas na cabeça do aluno e voltava-se o feitiço contra o feiticeiro, era o aluno que ... e tu Margarida não chores que esta vida são dois dias.
Sempre houve e haverá os graxas, que lustram os sapatos e a alma dos chefes num servilismo imbecil.
Antigamente não era só isso, era a delação que produzia autênticos revelações, como nas fotos, mas eram só negativos.

Ainda recordo o cheiro do SÉCULO, que era todo ensaiado na actual R. do Século, (mas parece-me que não se chamava assim, antigamente), depois era lançado na dança dos ardinas ...

Os amigos da direcção eram sempre amigos do regime ... eram eles que contavam as orelas e dividiam por dois, na hora de contar os empregados ...

Quem tinha mãos para trabalhar como o João Moisés ... não tinha medo da vida!

São longas ... mas gosto de ler as suas crónicas.
Obrigado.
Não fico cansado de ler, eu que até os comentários leio, mas só depois de escrever o meu.
Continue.
Posso não poder vir todos os dias ... mais a mais, vou estar ocupado a fazer uns gráficos para a minha mulher, afim de partir de férias ...
Até já!

Daniel disse...

Anja Rakas

Ui!... Creio que só se fazem hoje zincogravuras, por arte. Particulamente, mandei fazer uma que guarde religiosamente. Digo-te que mais giro seria a xilogravura, gravuras em madeira, mais primitivas, mas arte interessante.
Mas creio que falas de gravuras pintadas.
Sim, sim, pensas o quê?
Beijinho inocente, o diabólico pode ficar para a semana que vem.
Daniel

Daniel disse...

Carla

Isto passou-se ontem, no entanto haverá mesmo factos de sempre.
Beijos
Daniel

Daniel disse...

Camila

Já apareceu aqui, alguém a responder, mas vai: Aplica-se o nome de alfacinha a um natural de Lisboa, "ALFACINHA DE GEMA" quer dizer, mesmo nascido e criado em Lisboa, de facto, o lisboeta.
Espero não desmerecer.
Daniel

Daniel disse...

Laura

Respondeste bem, pelos vistos, o que para nós é corriqueiro, aos nossos bons amigos do Brasil, fez confusão, tanto mais que já exclareci alguns. Por um lado achei curiosa a questão, mas muito natural.
Um beijinho
Daniel

Daniel disse...

Mdsol

Pasa sempre, se a minha visita serviu de convite!...
Daniel

Daniel disse...

Laura

Descerei e há outra coisa que procurei descortinar, alguma publicação de Luanda, para o caso de estar lá o nome do Ogando.
Beijinhos
Daniel

Laura disse...

Não daniel, não falo do Ogando aqui, ainda não falei, mas lá virá o dia, entretanto sempre que entro no cemitério onde ele está e muitas pessoas amiga sou conhecidas, passo na campa dele e...mato a saudade da saudade que tenho dele...
Olha podes entrar no blog da minha amiga pascoalita, depois lá dentro vais a homenagens e ela escreveu uma a meu respeito, podes ver a foto dos meus 18 anos em Serpa Pinto onde vivi com o Casal Oscar Cardoso e Irene, ouviste falar nele? são os meus pais adoptivos que nada têm a ver com o que dele falam!, mas, as bocas do mundo cala-as Deus!...um dia.podes ficar a saber coisas d anina laura pela boca d euma grande amiga... um xi a ti.

Daniel disse...

José Torres

Ui!... Lambe botas houve sempre, como sou bom rapaz, tudo o é sempre, mas quando me preparam a estrada contrária, porque não hei-ser eu a ganhar? Sou paciente e como não jogo para perder, finjo que não percebo, vejo o pessoal trepar, a trepar, como adversário vê cedo antegozam e descansam devagar, actuam devagar!...
Algumas vezes utilizei o veneno reservado, a actuar contra e o melão?
A Rua do Século, deve o nome ao jornal. Não me lembro o anterior.
Creio que o João Moisés, tendo sido trabalhador do campo, estava habituado a lutar pela vida, o que marcou bastante, além de que, teria mente aberta e tinha entrado num mundo desconhecido, de que gostava, ainda hoje o seu.
"A árvore conhece-se pelos futos"!...
A saga continua a ser escrita e publicada no "Jornal da Amadora".
Daniel

Daniel disse...

Laura

Depois falarei, a seu tempo. Também creio que terei mencionado a passagem por Serpa Pinto, em 1963, o que irei conferir.
Não é a primeira vez, que falas na pascoalita, também verei.
Baijinho
Daniel

SAM disse...

Pessoas assim tipificadas na narrativa, existirão sempre.

Beijo!