segunda-feira, 29 de setembro de 2008

POEMA AS CONCHINHAS

AS CONCHINHAS

Ainda não havia chegado a televisão
Jogos e computadores, evidentemente não
Jogava-se a concha, o berlinde, o pião
Improvisado aparecia o jogo da semana
Com oito casas, riscava-se no chão
Os batos feitos de pedaços de caco
Arredondados na cantaria do vão
Jogava-se, para apurar o campeão
Era a vida, a da pequenada, a da ilusão
Para jogos não havia inventos, havia tempos
A professora dizia as fúrias, conforme os ventos
Todos tinham, para jogar, seus instrumentos,
Verdadeiros tesouros de inventos
Escasseavam nos bolsos as conchinhas
A jogar numa nóquinha, como se dizia então
Davam à costa e abundavam na Praia da Consolação
Acabadas as aulas, estava a começar o Verão
Tudo se muniu e a professora lá levou o pelotão
Cada qual apanhava o seu tesouro, o seu quinhão
Tudo mudou, não há conchinhas
Pena, porque estavam ali uns diamantes
A preencher os bornais das ilusões de então
Do jogo das conchinhas poucos se lembrarão
Mas lá está o extenso areal
Qual cosmopolita Copacabana de Portugal
Representando a Praia da Consolação

Daniel Costa

30 comentários:

Laura disse...

Lindo, lindissimo e bem me lembro de também jogar ao pião e de o meu pai me mandar fazer um recado, buscar tabaco Português Suave, antes de ir trabalhar, era pertinho, mas plo caminho...fiquei a ver os rapazes a jogar ao berlinde, juntei-me a eles, esqueci a vida e o recado, e só quando uma mão valente me tocou no ombro e perguntou; o tabaco? e eu fiquei a olhar pra ele e..esqueci-me..vai para casa que logo falamos ehhhh e acho que levei um piparote, mas,ele tinha razão..
laçava o pião, jogava ao berlinde, à macaca que coisas lindas da nossa infância já longinqua!...

poetaeusou . . . disse...

*
lembro-me bem amigo,
a consolação dos anos 70,
actualmente procurada
para recuperação óssea,devido
á forte concentração de iodo,
os meus amigos de peniche
( 60% nazarenos) me desculpem,
eu chamo o alcoitão das praias ...
,
o jogo das conchinhas,
o jogo das pedrinhas,
o jogo do prego,
o jogo do ringue,
o jogo do lenço,
e o jogo do cabo de mar,
a "prender" as nossas roupas,
por tomarmos banho nus,
com 7/8 anos de idade,
o que era crime, um atentado,
aos bons costumes estabelecidos,
foi neste gesto de repressão,
levado a cabo pelo "tio oscar"
era assim que tratávamos com
carinho o cabo de mar e professor
da escola náutica da nazaré,
em que eu com sete anos cresci
para ele e como é obvio levei um
grandessíssimo pontapé no...no...
a partir desse dia, senti-me
um anti-fascista dos 4 costados,
hehehehehe
“tio Óscar”, presto-lhe a minha
homenagem e espere mais uns,
anitos por mim . . .
,
saudações amigas, deixo,
,
*

Unknown disse...

Um poema cheio de recordações envoltas numa saudade suave e boa, aquela saudade que faz sorrir e dá paz de espirito.

Que linda que foi a nossa infância, sem grandes brinquedos, nem computadores ou consolas de jogos que nos prendessem horas a fio ao ecrã. Uma infância saudável e repleta de energia.

Gostei muito do poema.

Beijinhos

Anónimo disse...

Ah Daniel, lembrei que brincava de roda...

Por incrível q pareça, eu com 28 anos hj, brincava de roda em cidade do interior...

Brincava de amarelinha, mas soltava bombinha, tinha estiligue, mas brincava no parquinho, soltava pipa...

Minha vida não era muito solta não. Morava na capital. Mas quando ia pra o interior, e pra praia e pra fazenda me largava com os primos e vivia...

Pobre das criacinhas de hj... Já começam a vida em frente do computador.


Bjos,

Ana.

Sandra Daniela disse...

Fizeste-me recuar uns anos nas minhas memórias! :-)
Sou neta de agricultores, quando era miuda, ia com eles e as minhas brincadeiras opassavam por ver as formas das nuvens, (podiam ser cavalos, castelos...lol) Os bichinhos das batatas e os caracois ... eram muitas vezes alvo das minhas tolices... Mas eram tudo brincadeiras tão inocentes!

Lindo o teu poema!!
Obrigada!!!

Vanuza Pantaleão disse...

Daniel, tu queres me fazer chorar? Até antes de te desejar bom dia?
Lembrei-me logo da vovó que nos ensinou a jogar pedrinhas...Delicioso seu poema, uma peça das mais belas da Literatura Portuguesa.
Mas o meu peito se encheu, novamente, de Alegria e a minh'alma de Paz: O MILAGRE DA VOLTA DE DANIEL! Coisas inesquecíveis acontecem também aqui...O filme é muito especial, veja-o e ouça Pessoa pela voz de um alemão que se rendeu aos encantos da ETERNA LISBOA!
Obrigada e uma tarde azul sob esse Céu de Esplendor!!! Beijinhosssss

Marta Vinhais disse...

Que boas recordações!!! Lembro-me de andar na praia a apanhar conchinhas, beijinhos do mar....
Lindo...
Obrigada pela visita e pelo comentário carinhoso...
Beijos e abraços
Marta

Carla disse...

obrigada por este regresso tão doce à minha vivência na infância. É interessante como se vive de forma diferente hoje em dia...como as coisas mudaram tanto em apenas duas décadas!
beijos

RENATA CORDEIRO disse...

É lindo o seu poema, Daniel. Já tive que mudar de post, pois estava recebendo comentários maldosos. Por favor, vá ao meu Blog e aprecie o novo post, deixando um comentário. Vc é sempre dos primeiro. O seu poema, se vc quiser ver, puxe-o pelo menu.
Um beijo,
Renata
wwwrenatacordeiro.blogspot.com

pin gente disse...

na minha praia ainda há conchinhas... muitas e bonitas conchinhas!

abraço

xistosa, josé torres disse...

Antes de tudo, uma pergunta.
A Praia da Consolação, perto de Peniche?
Se é a que penso, só uma outra no mundo, Japão, com as características únicas de exposição solar e iodo.
Mas não é a que o GOOGLE nos leva.
É a outra mais a sul, só com rochas.
Tomei aí muitos banhos, quando as águas eram quentes e eu frio, ou o contrário.
As águas eram frias, mas os anos suportavam-nas.

O poema levou-me uns anos.
Talvez mais de 40 e muitos, ou até 50.

Coisas simples para passar grandes momentos, ao contrário de agora.
Que bom recordar a meninice.

Bia disse...

É sempre tão bom voltar atrás... ai, como me lembro de apanhar as conchinhas e outras brincadeiras...

Boa recordação!

miminhos... atrevidos!

Vanuza Pantaleão disse...

Amigo!
Você pode não se lembrar, nem deveria, mas aqui estive e disse que dedicaria aquele post a você, caso o aprovasse...E assim o fiz. No topo, com brevidade, mas com muito, muito Carinho...E vamos brincar de conchinhas!!!Risossss

Anónimo disse...

achei tão bonitinho isso.

bjosss...

RENATA CORDEIRO disse...

Daniel:
Aqui é a Renata. Você passou no meu Blog ontem e ficou contente por eu ter postado um poema seu. Imagino que deve ter ficado desapontado quando lhe disse hj que já tinha mudado de post. Então, resolvi publicar este lindo poema das conchinhas no novo post. Não se esqueça de ir.
Beijos,
Renata

RENATA CORDEIRO disse...

Acabei de publicar "As Conchinhas" no meu post, Daniel, logo após ver o seu comentário. Mas já tinha tudo pronto. Dá uma passadinha lá para ver se gostou.
Um beijo,
Renata

Laura disse...

Ai entretanto vou jogando á macaca enquanto espero por ti...!... jogamos aos bedrelhos? lembras-te? com seixos do rio!...

Daniel disse...

Poetaeosou

Recordar é viver!... A praia Consolação, no lagedo, lado sul, pode ser mesmo considerada o Alcoitão do mundo, segundo pode ser visto no comentário de José Torres.
A Consolação, hoje extremamente cosmopolita, já o ía sendo nos anos 70 e já não havia as filas de conchinhas, que se estendidas estendiam no areal, depois de ali darem à costa.
É que o poema, feito agora, reporta aos anos 40.
Era ontem!...
Um abraço,
Daniel

Daniel disse...

José Torres

Esta Consolação é de facto a de Peniche. O lagedo a sul enche-se de gente deitada, quanto muito em tronco nú, nos dias de sol.
Como nasci na mesma freguesia, Atouguia da Baleia, conheço o microclima que se estende.
Passei por lá agora estive uns dias na Bufarda, com a Berlenga, os pontos de maior altitude do concelho de Peniche. E como, me desabituei, tambem se sentem os efeitos climatéricos, benéficos. E de que maneira!...
Um abraço,
Daniel

Daniel disse...

Renata

Apreciei este poema, no teu post. Achei-lhe mais sentido, francamente. Vio-o talvez, com outro sentido, como se a autoria não me pertencesse, percebes?
Beijinho,
Daniel

Vanuza Pantaleão disse...

"...diamantes a preencher os embornais da ilusão..."
A nossa Amizade se solidificou, Daniel, diamante indestutível se tornou!
Um Abraço Bemmmmm Carinhoso!!!Bjssss

Bandys disse...

Baniel,
Belo, belíssimo!
Recordaçoes...

E hoje tudo tão diferente.

Realmente hoje mudei um pouquinho..


Beijos

Bandys disse...

*Daniel, ops,

é que o gesso as vezes bate no teclado, rsrsr

beijos

Maria Laura disse...

Que bom deixar as palavras passearem pelas recordações! Gostei de ler.

Sombra de Anja disse...

Ei Ei Ei...
Saudades!
Ainda nao tinha tv...e jogava eu a cheia, na areia com areia e uma garrafa de coca cola vazia que ia enchendo com areia.
Brincava com bonecas...fazia de papa e mama.
Saudades.
De ti tbm.
Bjs

jo ra tone disse...

Eu brincava à conchinha, mas era com as cápsulas das garrafas de cerveja ou sumos. Penso que seria o mesmo sistema.
A paia da Consolação...conhecia-a pela primeira vez quando acampei no campo de futebol daí. Não esquece, porque se choveu numa das noites! se choveu!
Abraço

Daniel disse...

Jo Ra Tone

Na verdade o campo de futebal, onde está o parque de campismo, que ficaste, é do lugar da Estrada. Lembro-me do Sporting Clube da Estrada, inaugurar o seu "estádio". Tive alguns amigos entre os jogadores e encontrei-me aí várias vezes com eles. Fica no lado direito da recta, de quem vai da Aldeia da Estrada, para a praia da Consolação.
Gostosas recordações!...
Beijos,
Daniel

jo ra tone disse...

Daniel,
Desculpa, mas só gosto de beijos de mulheres eheh

Abraço

Mariana disse...

Daniel, percebi hj que vc deleta alguns comentários meus. Se possível gostaria de saber o motivo.
Se é alguma coisa que digo, por favor me fale, ok?

Maria Soledade disse...

Daniel,fizeste recodar a minha meninice em que os brinquedos eram simples mas que tanto gozo nos davam...

As conchinhas...o prego(eu era um ás)...a apanha divertida ao mexilhão...a jogo das pedrinhas e tanta coisa gira que se fazia na praia...lembro-me de lançar o papagaio, os aviõesinhos(amarelo e azul)...

Na terra lançava as caricas forradas com casca de laranja, no cimento lançava o pião e fazia-o rodar na minha mão,desenhava e saltava a macaca jogava o arco, anda de patins e o que mais adorava era o carrinho de rolamentos feito com as rodinhas que sacava dos patins hehehe e depois...seguiam-se os sermões....

Belo poema Daniel, onde recordas uma infância e brincadiras que fizeram parte da nossa meninice...faz já um longo tempinho!!

Beijinhos