CURRICULUM
Para subir na sociedade
Cheguei a perito em anúncios
A própria modéstia constrangia-me
Seria um princípio, a tenra idade?
De facto, continuo sendo modesto
Floresceu da minha condição
Há por outro lado a hipertensão
Esta esvoaçava, soltava-se o gesto
Ficava outro, talvez eu
Empolgava-me, falava
Sem falar de mim, dizia o que convinha
O emprego era meu
Curriculum até tinha
Provei-o sempre
Para continuar a subir
Só entrava noutra linha
Novo, trabalho, novo sucesso
Até que um dia, um convite
Um engano, uma insensatez
Seria progresso?
Sem trabalho não podia
Num suspiro fundo
Uma pequena pausa
Ténue paragem de um dia
Enfim o curriculum até valia
Creio que julgaram mal
Os que vieram depois
Além de curriculum
Não estava ali um pão sem sal
Encarnava a infinita bondade
Podia ter espalhado dúvidas
Fazendo certas revelações
De espantar a máxima autoridade
Não aquele antro clerical
Sem interferências, viria a acabar
O previsível deu-se
A mentira publicitária
Não terá sido o menor mal
Daniel Costa
domingo, 21 de setembro de 2008
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22 comentários:
Interessante o poema, verdadeiro...
Ás vezes, não se vê o que é essencial...
Obrigada pelo comentário - este poeta é original na escolha dos títulos dos poemas..
Beijos e abraços
Marta
Palavras belas e verdadeiras...
Um sussurro
Pelas voltas que a vida dá aprendemos a conviver até com o inesperado.
Cadinho RoCo
DANIEL,
MUITO BOM, ADOREI.
AINA ESTOU ESCREVENDO POUQUINHO..
BEIJOS
*
a verdade
por onde
passaram muitos,
ou ficaram . . .
ou disseram . . . não,
ou sumiram-nos . . .
,
abraço
,
*
...O tal do curriculum...Temos sempre que provar que somos capazes.
Beijo e bom fim de Domingo
Maria Dias
Daniel:
Já postei o seu poema. Pus uma imagem. Vem vê-lo e me diz o que achou.
Um beijo,
Renata
Renata
Como não havia de gostar? Já está afirmado no teu post.
Volto a agradecer e deixo beijinho.
Daniel
Não sou muito chegado em poema, mas deste eu gostei,parabéns.
Abraços
Muito interessante o poema e o blog
O essencial é invisível aos olhos, dizia alguém. è um facto.
Muito sucesso!
adorei...
a minha parte preferida foi.. "a própria modéstia constrangia-me"
Olá, se o curriculum já naquele tempo era necessário e tinha de ser provado a cem por cento (agora qualquer um faz o seu e bota lá mais isto e aquilo e eles acreditam, só pedem um papel a confirmar, ou outro...já s einventam Diplomas de tal escola, o pc consegue por tudo a jeito..mas naquele tempo nã senhora, era preciso mesmo ter aquilo em ordem!... Beijinhos.
Daniel o teu poema diz tudo, alias é necessario progredir, na vida tudo é feito a passo e conhecimento!
Beijo terno
Curriculum cheio de palavras verdadeiras!!
beijinho
Porque todos somos mais do que aquilo que vemos...
Gostei. Muita sinceridade nas palavras...
Xi-coração
A poesia em alta! É a filosofia estética a reinar.
ahhh dizes que nem que te matem? não avanças com as caretas de quem possam ser as fotos? tão homem, já me ri tanto contigo, já deram opiniões, bota lá palavrinha e diz quem te parecem ser... ahhhh Beijinhos.
Laura
Não queria, tão óbvios me parecem! Ri e fiquee entusismado, espero que ninguém se ofenda ouviram?
De resto, por muito belas que sejam, creio que não as desfavoreceste, as muleres, claro!
Lá vai: Zé do Cão, Maria Soledade, Africana, Parisiense, Pascoalita e a Zélia, cujo blogge dá pelo nome de "mundo azul."
Agora vais prometer, não tirar desforço, ouviste?
Ai!...Só esta miúda!...
Beijinhos,
Daniel
Interessante poema. Sobre muitas realidades.
Olá Daniel,
Plagiando a Marta, o poema é deveras interessante, e o que o torna mais interessante ainda é sentir nele a veracidade das palavras.
Gostei muito, beijinhos
Amigo Daniel
Custou mas foi.
Tenho o anti vírus que me "limpa" tudo a partir das 23 horas.
Hoje a Net está uma desgraça e só agora é que consegui abrir os comentários, porque quando tentava, o computador ficava encravado.
Já no "Claras Manhãs" me sucedeu o mesmo.
Mas o que interessa é que consegui abrir a porta.
O "Curriculum", agora é o conhecimento ou cunha que se tem na entrevista.
Qualquer concurso com uma entrevista, já está viciado para um amigo(a).
Antigamente tinha o valor duma profissão e dum trabalho.
Depois tínhamos que prová-lo e daí a subida na carreira, ou a estagnação.
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