BERTRAND – IMPRIMARTE
A grande empresa gráfica do Dafundo, estava a entrar em processo de reorganização, com um administrador brasileiro e um Director comercial cubano, vindos do país irmãos, para vender a mesma, o que se tornava notório.
Assistia-se ao impensável, pelo menos no que tocava à impressão de livro, o editor que tinha aceite um orçamento para uma unidade, recebia um emissário do sector de vendas, com proposta para a transformar para quatro unidades Como ficaria mais em conta e depois de muito instado aceitava.
Ao tratar da obra nos CONTACTOS, comentava o efeito de que não percebera os fins, tanto mais que, teria argumentado o não ter ainda novo original para outra edição. Acontecia isso frequentemente, o editor mostrar ali a estranheza.
Já se vê que o emissário de vendas também era beneficiado, com as comissões a chegarem no mês seguinte, bastava o orçamento ter sido aceite, nem que a obra não viesse a conhecer efectivação, o que seria natural acontecer.
Que se conhecesse, um editor falido aproveitou e mandou imprimir quatro livros, nunca terá liquidado, porque entretanto teve de acabar de vez, a actividade, mas o homem de vendas tinha recebido a compensação.
Tratava-se de operação fraudulenta, destinada a enfatizar a carteira de obras, a ser exibida às empresas interessadas a entrar no negócio.
Num Domingo, realizou-se um almoço de confraternização num afamado restaurante da periferia de Sintra, só destinado a gente em exercício de chefias ou equivalente, até porque a bandeirada era elevada para a época, o relevante custo de 40$00.
Comparecerem os detentores dos mais elevados cargos, alguns vindos do Brasil em regime de comissão de serviço e partiu desses a verdadeira loucura em que terminou o almoço, com um jarrão de vinho a passar por todos, de mão em mão, com um acima abaixo e bebe.
Resultou em vários pró embriagamentos, o tecto decorado com várias réstias de cebolas e outros produtos imperecíveis, esvaziou-se, com as orgias que se seguiram.
Na Segunda-Feira seguinte uma mulher secretária de quem pagou, foi de secção em secção, apresentar a conto suplementar, a quantia de mais 20$00, o valor de um bom almoço na época.
No fim do ano, na secção de encadernação, houve festa geral com garrafas de champanhe e bolos. O discurso fácil do administrador brasileiro, não se fez esperar visando os muitos que se iam demitindo, para formar uma empresa concorrente, enquanto pintava de cores negras, a gerência que se formava.
Gerara-se nova fraude, tentava-se o funcionamento de relações públicas internas, para que não se desse a insinuações que sendo certas, eram contrárias aos objectivos traçados.
Agora os CONTACTOS deixaram de ser, como que uma pequena empresa a actuar dentro de uma grande e ficara reduzida a dois elementos, acoplados à Secção de Programação. Os outros elementos, sem conhecerem ainda uma previsível situação de despedimento, eram transferidos para tarefas bonitas, mas a que já se apelidava de prateleira.
Deixaram de lhe atribuir o característico dinamismo com que se distinguia, que era o de representar internamente, os interesses dos clientes, afinal o que, comercialmente motivava o objectivo a fábrica.
Mesmo assim, a desenhadora e maquetista do projecto, pretendia desviar a feitura de um livro, encomendado por um departamento estatal. Funcionara, decerto o aceno de uma melhor comissão para o desvio!
Com as muitas vicissitudes, o atraso era evidente, tendo em conta o que constava do próprio orçamento de contrato, porém a feitura da obra chegara à encadernação, o mesmo que dizer, à fase de acabamento.
João Moisés, acumulara o acompanhamento dos trabalhos do sector estatal e fora convocado para uma magna reunião, a propósito, no respectivo departamento, incluía maquetista, representante da empresa gráfica e o próprio Secretário de Estado.
Cabia ao acompanhante interno da obra, fazer-se representante da empresa. Aconteceu assim e com oportunidade, começou de imediato a tratar do melindroso assunto. Dirigiu-se ao chefe da encadernação e com o habitual, mesmo necessário, poder de relações públicas e pondo-o ao corrente da situação, obteve deste a garantia de lhe ser proporcionada a execução completa de um livro, para apresentação.
Mesa redonda e eis que aparece o único livro executado, o bastante para o Senhor Secretário de Estado de Estado a presidir, desse por finda a reunião, visto estar concluída a obra.
A maquetista teve a resposta devida e nem queria acreditar, exibindo sempre o seu olhar trocista, desconfiado e de soslaio. Devia contar haver pessoas que levavam muito a sério os seus deveres, em todas as circunstâncias, como aconteceu.
Desta vez não lhe valeram os trunfos de mulher nova, matadora e espampanante, numa floresta de machos latinos.
- Perdeu!...
Agora tinha acabado a Bertrand & Irmãos, do grupo brasileiro Celsa, que já a havia transaccionado com a americana ITT.
Dera lugar à Imprimarte, ficara com o mesmo nome e ficou na mesma direcção das Páginas Amarelas, as listas telefónicas que já executava,
Já não se verificavam as mesmas condições de trabalho, tudo mudara!
João Moisés, vendo a publicidade, que no caso se tornava enganosa, aceitou um convite, também eivado dos enganos e das deslealdades do mudo.
Demitiu-se, indo para essa empresa concorrente, antes que chegasse a hora da previsível ordem de despedimento.
Daniel Costa – in JORNAL DA AMADORA
sábado, 6 de setembro de 2008
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17 comentários:
Não li o texto mas desejo-te um bom fim de semana.
Beijinho
Olá Daniel, há quanto tempo...
As tuas histórias deixam-nos sempre a pensar e são lições de vida que foste guardando nas prateleiras da tua memória e que agora lhes dás uma nova vida.
Aprendo sempre algo contigo e com a tua sabedoria e experiência de vida.
Beijo
Saíste mesmo no momento certo, de tão memorável empresa...
Só esquemas... fraudes !!
"Desta vez não lhe valeram os trunfos de mulher nova, matadora e espampanante, numa floresta de machos latinos."- Gostei desta parte ... :D
Beijoquinhas e bom fim de semana1!
miminhos.. atrevidos!
Oi Daniel.
Ainda bem que o João Moisés saiu a tempo.
Deslealdade, truques enganosos, fraudes... é o que mais acontece. Infelizmente é um mundo de hienas, rindo enquanto destroçam a carne.
"Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente."
Carlos Drummond de Andrade
Bom fim de semana.
Beijos mil! :-)
Um sussurro...
Olá Daniel,fiquei feliz de encontrar suas palavras incentivadoras no blog.
Obrigada pelas visitas.
Um bom final de semana.
Beijinhos doces.
Rapaz; parece que já sabias o momento certo para abandonar o navio!...este joão moisés!...
E como o tempo já vai longe, mas os esquemas e as malandrices aumentaram...e honestos há poucos..beijinho e tou cheia d eme rir na soledade...laura.
Mais uma excelente história, memórias vivas à flôr da pele.
Bom fim de semana.
Beijinhos
Momento certo para a saída! :-)
P.S: obrigada pela visita e comentário
Daniel,
Não li mas te desejo um feliz dia, beijos
curioso...dois post's repetidos!
cada um com sua manias, né?!
Daniel, usaste a cabeça tal com eu ,quando senti que o barco(a minha empresa),estava a afundar-se saí antes que me afogasse!...
Olha, ri-me na cena do restaurante pois p'ra além das résteas de cebolas no tecto eu tava a imaginar também os tão estimados tomates da Laurinha lá todos esparramados...sorte a dela ter sido há muito tempo atrás!...
Fica bem /Beijinhos
Olá, Daniel
Continuas desfilando, impecavelmente, as tuas memórias.
Mas um "espaço de tempo" que contém muitas lições de vida.
Sempre em frente, meu amigo.
Beijinhos
Mariazita
os tomates da laurinha ainda na se esparramaram, os pobres ainda nems equer nasceram..Gaita miuda , espera lá que depois dou-te uma mão deles que são tomate cereja e ela a dar-lhe e depois quem fica coma fama sou eu... ai daniel esta menina tem cá uma lata!...
Olá Daniel.
Passei para lhe desejar uma semana com muita paz, luz e um novo rumo na sua vida, com muitas esperanças e paz.
Beijos da sua amiga do lado de cá.
regina Coeli.
Te aguardo em meu cantinho.
Beijo fantasma...
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